terça-feira, 10 de setembro de 2013

Simulado comentado - recursos expressivos e efeitos de sentido



Simulado comentado – recursos expressivos e efeitos de sentido


Localizar relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido (Descritor 16)

Na tirinha, há traço de humor em
(A) "Que olhar é esse, Dalila?"
(B) "Olhar de tristeza, mágoa, desilusão..."
(C) "Olhar de apatia, tédio, solidão..."
(D) "Sorte! Pensei que fosse conjuntivite!"

Análise
Na tirinha que embasa esta questão, o sentido de humor aparece na última fala. Vale lembrar que o cômico é decorrência de uma distorção. No primeiro balão, Romeu dá a impressão de querer saber o que está oculto por trás do olhar de Dalila. Quando, em seguida, ela revela a tristeza que sente, ele considera sorte, por não se tratar de conjuntivite. Ou seja, rimos porque o último quadrinho distorce o aparente interesse de Romeu pelo olhar da Dalila.
Orientações
Trabalhe o gênero textual piada. Em geral, ela tem textos curtos, que apresentam diálogos e exploram jogos de linguagem capazes de aprofundar a leitura e aguçar o espírito crítico e a percepção das estratégias linguísticas para a produção de sentidos. Faça uma boa seleção, apresente a todos, peça que leiam e expliquem o que nelas é engraçado.
Identificar o efeito de sentido decorrente da pontuação e outras notações (Descritor 17)
O Encontro (fragmentos)
5    
Em redor, o vasto campo. Mergulhado em névoa branda, o verde era
pálido e opaco. Contra o céu, erguiam-se os negros penhascos tão retos
que pareciam recortados a faca. Espetado na ponta da pedra mais alta, o
sol espiava atrás de uma nuvem.
"Onde, meu Deus?! - perguntava a mim mesma - Onde vi esta mesma
10
paisagem, numa tarde assim igual?
Era a primeira vez que eu pisava naquele lugar. Nas minhas andanças
pelas redondezas, jamais fora além do vale. Mas nesse dia, sem nenhum
cansaço, transpus a colina e cheguei ao campo. Que calma! E que deso-lação. Tudo aquilo - disso estava bem certa - era completamente inédito

15
pra mim. Mas por que então o quadro se identificava, em todas as minúcias,
a uma imagem semelhante lá nas profundezas da minha memória?
Voltei-me para o bosque que se estendia à minha direita. Esse bosque
eu também já conhecera com sua folhagem cor de brasa dentro de uma
névoa dourada. "Já vi tudo isto, já vi... Mas onde? E quando?"
20
Fui andando em direção aos penhascos. Atravessei o campo. E cheguei
à boca do abismo cavado entre as pedras. Um vapor denso subia como
um hálito daquela garganta de cujo fundo insondável vinha um remotíssimo
som de água corrente. Aquele som eu também conhecia. Fechei
os olhos. "Mas se nunca estive aqui! Sonhei, foi isso? Percorri em sonho
25
estes lugares e agora os encontro palpáveis, reais? Por uma dessas extraordinárias
coincidências teria eu antecipado aquele passeio enquanto
dormia?"
Sacudi a cabeça, não, a lembrança - tão antiga quanto viva - escapava
da inconsciência de um simples sonho.(...)

TELLES, Lygia Fagundes. Oito Contos de Amor. São Paulo: Ática.
Na frase "Já vi tudo isso, já vi... Mas onde?" (l. 15), o uso das reticências sugere
(A) impaciência.
(B) impossibilidade.
(C) incerteza.
(D) irritação.

Análise

Os recursos de pontuação (travessão, aspas, reticências, interrogação, exclamação etc.) são expressivos e ultrapassam os aspectos puramente gramaticais. No trecho do texto destacado no item, as reticências sugerem incerteza. Vale lembrar que elas indicam um prolongamento do pensamento. Algo fica no ar, subentendido, para ser descoberto pelo leitor. É preciso reconhecer o sentido do sinal de pontuação e não a regra.

Orientação
A piada também pode funcionar muito bem como material para desenvolver a habilidade referente a esse descritor. A pontuação, nesse caso, é fundamental tanto para a compreensão do texto como para orientar a sua oralização. Durante a leitura, deve-se procurar a entonação adequada para produzir o efeito de humor desejado e a entonação pode variar de acordo com a pontuação. 
Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de determinada palavra ou expressão (Descritor 18)
 As Amazônias
5
Esse tapete de florestas com rios azuis que os astronautas viram é a
Amazônia. Ela cobre mais da metade do território brasileiro. Quem viaja
pela região não cansa de admirar as belezas da maior floresta tropical do
mundo. No início era assim: água e céu.
É mata que não tem mais fim. Mata contínua, com árvores muito altas,
     
cortada pelo Amazonas, o maior rio do planeta. São mais de mil rios
desaguando no Amazonas. É água que não acaba mais.

SALDANHA, P. As Amazônias. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995
No texto, o uso da expressão "água que não acaba mais" (l. 7) revela
(A) admiração pelo tamanho do rio.
(B) ambição pela riqueza da região.
(C) medo da violência das águas.
(D) surpresa pela localização do rio.
Análise
Toda escolha de termos implica uma interpretação e é essencial reconhecer os diferentes sentidos deles em função da intenção do autor. Nesta questão, em que se pede o significado de "água que não acaba mais", deve-se compreender a linguagem figurada. A autora admira o tamanho do Amazonas e usa uma expressão hiperbólica para enfatizar o volume de suas águas.
Orientações
A leitura de textos jornalísticos é uma atividade excelente para trabalhar a habilidade. Explique que muitos veículos afirmam buscar a objetividade, a imparcialidade e a neutralidade na transmissão das notícias, o que é impossível porque a linguagem é carregada de pontos de vista e crenças de quem produz o texto. Peça que a turma rastreie nas reportagens informações que podem ser consideradas exatas e outras pessoais.
Reconhecer o efeito de sentido decorrente dos recursos ortográficos e/ou morfossintáticos (Descritor 19)
Magia das Árvores
5   
— Eu já lhe disse que as árvores fazem frutos do nada e isso é a mais
pura magia. Pense agora como as árvores são grandes e fortes, velhas e
generosas e só pedem em troca um pouquinho de luz, água, ar e terra.
É tanto por tão pouco! Quase toda a magia da árvore vem da raiz. Sob
a terra, todas as árvores se unem. É como se estivessem de mãos dadas.
10
Você pode aprender muito sobre paciência estudando as raízes. Elas vão
penetrando no solo devagarinho, vencendo a resistência mesmo dos solos
mais duros. Aos poucos vão crescendo até acharem água. Não erram
nunca a direção. Pedi uma vez a um velho pinheiro que me explicasse
por que as raízes nunca se enganam quando procuram água e ele me
15
disse que as outras árvores que já acharam água ajudam as que ainda
estão procurando.
— E se a árvore estiver plantada sozinha num prado?
— As árvores se comunicam entre si, não importa a distância. Na verdade,
nenhuma árvore está sozinha. Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se

disso.
Máqui. Magia das Árvores. São Paulo: FTD, 1992.
No trecho "Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso" (l. 15-16), as frases curtas produzem o efeito de
(A) continuidade.
(B) dúvida.
(C) ênfase.
(D) hesitação.
Análise
A tarefa aqui exige identificar mudanças de sentido decorrentes das variações
nos padrões gramaticais da língua. No trecho destacado, as frases curtas aumentam o número de pausas, proporcionando um efeito de ênfase,
fazendo com que o leitor tenha tempo para incorporar a ideia de que não existe solidão, nem entre as árvores nem entre as pessoas. O recurso já veio explicitado na questão. O que falta é atribuir um sentido a ele.
Orientações
Uma boa estratégia é ler com a moçada textos literários. Nessas leituras, proponha a observação do que o autor "diz" (o conteúdo do texto) e do "como ele diz" (a maneira como o texto está escrito e os recursos da linguagem aplicados). É o uso especial das palavras pelo autor que torna o texto literário artístico. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário